No mês de dezembro, os estudantes do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade São Francisco (USF), realizaram uma viagem investigativa de estudos entre Belo Horizonte e Ouro Preto, reafirmando o papel das viagens como ferramenta central de formação crítica. Mais do que visitas pontuais, o percurso foi construído como um laboratório em campo, articulando obra, cidade, história, prática profissional e ensino.
Em Belo Horizonte, o roteiro iniciou-se pelo Conjunto Moderno da Pampulha, com visitas à Igreja de São Francisco de Assis, Casa do Baile, Cassino e Memorial JK — referências incontornáveis para compreender a consolidação do moderno brasileiro e sua relação com paisagem, arte e política. A leitura urbana foi ampliada com caminhadas e visitas ao Palácio das Artes, à Praça da Liberdade e ao seu conjunto institucional, incluindo o CCBB, o Espaço do Conhecimento UFMG, a Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa e o Edifício Niemeyer, permitindo observar diferentes camadas de tempo, uso e projeto no centro da capital mineira.
Um dos eixos centrais da viagem foi o contato direto com escritórios de arquitetura de relevância nacional, promovendo conversas francas sobre processo projetual, prática profissional, concursos, docência e inserção no mercado. Foram visitados os escritórios Gustavo Penna Arquiteto & Associados, Horizontes Arquitetura, BCMF Arquitetos e BIRI Arquiteturas, em encontros que aproximaram os estudantes da realidade do ofício e das múltiplas formas de atuação contemporânea. Essas visitas reforçam o caráter investigativo da viagem: ouvir, questionar, observar e compreender como se constrói arquitetura no cotidiano profissional.
O percurso incluiu ainda instituições culturais e educacionais, como o Centro Cultural Presidente Itamar Franco e a Escola Estadual Governador Milton Campos, ampliando o debate sobre patrimônio, educação, cultura e políticas públicas. Momentos de vivência urbana e cultural — como a passagem pelo Clube da Esquina e pelo Mercado Novo — também integraram a experiência, entendendo a cidade para além dos edifícios.
Em Ouro Preto, a viagem assumiu um caráter complementar e fundamental: o contato direto com o patrimônio histórico e urbano brasileiro. A visita ao IFMG – Instituto Federal de Minas Gerais, Campus Ouro Preto, ao Grande Hotel de Ouro Preto, projeto de Oscar Niemeyer, e a percursos pelo centro histórico — incluindo a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, o Museu da Inconfidência, a Praça Tiradentes e a Rua Conde de Bobadela — permitiram refletir sobre preservação, adaptação, turismo, escala urbana e permanência histórica.
Mais do que um deslocamento geográfico, a viagem se consolidou como um dispositivo pedagógico potente, no qual observar, caminhar, conversar e experimentar fazem parte do aprendizado. Visitas como essa reforçam a importância de sair da sala de aula, de confrontar teoria e prática, e de compreender a arquitetura como produção cultural, técnica e política, situada no tempo e no território.