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Pesquisa da USF aponta que asma protege contra o agravamento da COVID-19

Postado em 17/04/2023

O professor pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade São Francisco (USF), Fernando Marson, desenvolveu, durante a pandemia da COVID-19, estudos referentes a como diversos fatores e comorbidades se comportam na infecção pelo vírus da COVID-19, dentre eles, estudos associados a asma.

Dados da pesquisa foram divulgados recentemente na revista científica Frontiers in Medicine e revelam que em vez de fator de risco, a asma protege contra o agravamento da COVID-19, sugere o estudo.

Esses resultados, provenientes de um amplo levantamento com pacientes hospitalizados no Sistema Único de Saúde (SUS), mostrou que além de não ser um fator de risco associado com mortalidade, a asma pode ter um papel protetor na infecção pelo SARS-CoV-2 e no desenvolvimento de quadros de maior gravidade. “Apesar de desenvolverem mais sintomas clínicos, os pacientes com asma foram menos propensos a morrer da COVID-19 em comparação com indivíduos sem asma”, explicou o professor Fernando Marson, da USF, no Câmpus de Bragança Paulista.

Para chegar a essa conclusão, o grupo formado por cinco pesquisadores, dentre eles, o estudante Felipe  Valencise, do curso de Medicina e bolsista FAPESP no programa de Iniciação Científica,  avaliou os registros clínicos e demográficos de 1.129.838 pacientes hospitalizados com a COVID-19. Desse total, 43.245 (3,8%) eram pacientes com asma, uma prevalência baixa da doença, em comparação com a população geral (~10%), que já tinha sido apontada por estudos anteriores.

Entre os doentes que precisam de suporte ventilatório invasivo, por exemplo, 74,7% dos pacientes com asma morreram, enquanto o percentual de mortes entre os pacientes sem asma foi de 78,0%. No grupo que recebeu suporte ventilatório não invasivo, 20% dos pacientes com asma foram a óbito, versus 23,5% entre os pacientes sem asma. Entre os que não precisaram de suporte ventilatório, 11,2% dos pacientes com asma morreram. Já o percentual de óbitos dos pacientes sem asma na mesma situação foi de 15,8%. 

A hipótese dos pesquisadores é que as especificidades da resposta imune dada pelo organismo à asma criam um cenário desfavorável à escalada inflamatória associada à forma mais grave da COVID-19.

A pessoa com asma apresenta uma baixa produção de citocinas inflamatórias, um grupo de proteínas que aumenta a capacidade do corpo de destruir células tumorais, vírus e bactérias (os interferons, por exemplo). Isso estimula uma resposta imune mediada por células de defesa (linfócitos) T CD4+ Th2, em detrimento do subtipo Th1. Em adição, o ambiente alveolar cronicamente inflamado do indivíduo com asma proporciona menor produção do receptor da enzima de conversão de angiotensina 2 (ACE-2), no qual o vírus da COVID-19 se liga.

“A predominância da resposta Th2 é benéfica porque pode regular e diminuir o impacto da fase tardia da hiperinflamação, que é um ponto crítico em infecções respiratórias graves”, explica Marson, que coordena o Laboratório de Biologia Molecular e Genética da USF.

O estudo, que contou com autoria de Felipe Valencise, Rafael Bredariol, Nathalia Sansone, Andressa Peixoto e Fernando Marson, teve grande repercussão sendo divulgado em mais de 87 veículos de comunicação do país, dentre eles, CNN, Estadão, Folha de São Paulo, Portal de Governo do Estado de São Paulo e Veja. Ademais, o estudo está entre os 5% com maior visibilidade dentre todos os estudos cadastrados na plataforma Altmetric.

O artigo original está disponível para leitura no periódico Frontiers in Medicine

Link FAPESP